Aprendizado de máquina: um adimirável mundo novo

Por Felipe Buchbinder

Sabe quem está doido para te conhecer melhor? Várias empresas. Várias mesmo.  Mas elas não te dizem isso.  Funciona como um amor platônico em que elas ficam te acompanhando pelo Facebook, pelo Twitter… vendo tudo o que você curte, posta e compartilha.  Tudo isso ajuda essas empresas a te conhecer melhor e, consequentemente, a saber o que você gostaria de comprar.  O próximo passo é te oferecer.

Se você curte Beyoncé, por exemplo, talvez você compre ingressos para o show da Lady Gaga.  Se você curte páginas de mergulho, talvez você compre uma viagem para Fernando de Noronha. Entende como funciona?

Agora vem o lado fascinante: não é só em você que as empresas estão interessadas. Elas estão interessadas em muita gente e isso significa que elas têm muitos posts para olhar. Só no Facebook, por exemplo, são 3 milhões de posts e 4 milhões de curtidas por minuto!

Em meio a toda essa montanha de dados, o Facebook precisa identificar que o João da Silva, que mora no Brasil e estuda na FGV, gosta de livros de ficção científica (pode oferecer que ele compra!). Analisar 3 milhões de posts por minuto é humanamente impossível!

De fato, não é um  ser humano quem faz essa análise.  É uma máquina.  Uma máquina que tem um código para perceber padrões nos dados, perceber que quem curte Beyoncé também curte Lady Gaga mas não curte Backyardigans.  Isso se chama Aprendizado de Máquina.

O “mundo” do Aprendizado de Máquina é digno de ser chamado de mundo.  Existem vários livros que tratam de inúmeros métodos para se identificar padrões nos dados de forma automatizada. Existem ainda várias histórias de sucesso dessa implementação, por vezes polêmicas.

Um exemplo notório é o caso de uma seguradora japonesa que substituiu todos os 34 empregados de determinado setor por um robô que, com base em algoritmos de aprendizagem de máquina, lê documentos médicos e determina os pagamentos a serem feitos com base em ferimentos, históricos e procedimentos médicos.

No Brasil, o Bradesco já utiliza um robô para atender clientes desde 2016.  A inteligência de máquina no Brasil também é usada para detecção de movimentações financeiras suspeitas por empresas de cartão de crédito e pelo Governo Federal, bem como para detecção de doenças em folhas de soja, planejamento da produção no setor agropecuário, entre vários outros exemplos.

Tamanha é a euforia do mercado com a aprendizagem de máquina que a Harvard Business Review chamou a profissão de desenvolver esses algoritmos de “a profissão mais sexy do século 21″. Na mesma linha, a última edição do The Economist publicou uma reportagem de capa onde se lia:

“Dados são para o nosso século o que o petróleo foi para o século passado: um motor para crescimento e mudança.  Fluxos de dados criaram novas infraestruturas, novos negócios, novos monopólios, novas políticas governamentais e – principalmente – uma nova economia.”

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