Por Julia Moraes
Startups são empresas que, como qualquer outra, precisam de investimento para sair do papel. Porém, o desenvolvimento de uma startup consiste em fases de construção que diferem o tipo de investidor que melhor se encaixa em cada situação. Uma startup em “early stage”, por exemplo, possui necessidades diferentes de uma startup que já está em “growth stage”, portanto, demandam uma quantidade de capital diferente uma da outra e, por isso, precisam procurar tipos diferentes de investidores.
Assim, é necessário analisar qual é a fase em que a startup está inserida e determinar, assim, o foco de pesquisa de investidor que os membros da startup devem seguir. Existem diversas formas de investimento e grupos de investidores que possuem como objetivo fomentar o crescimento de uma empresa. Nesse contexto, os tipos de investimentos que são mais coerentes com a realidade das empresas startups são:
Bootstrapping: Esse tipo de investimento é feito pelo próprio dono do negócio ou pelo grupo de empreendedores que compõem a startup, usando o próprio capital para investir na empresa sem apoio de investidores externos. A ideia do bootstraping é não precisar de um fundo de investimento para iniciar a empresa. Há lados positivos para essa escolha: há maior cuidado para onde o capital vai ser usado e o empreendedor possui mais controle com a sua empresa já que a quantidade de capital disponível é escasso, além de não ter que dar um percentual do que é gerado pela empresa para terceiros. Porém, é necessário muito planejamento e estruturação dos objetivos da empresa para que o direcionamento do dinheiro seja coerente com o crescimento da empresa. O bootstraping pode contar com empréstimos em bancos ou crowdfundings para aumentar a disponibilidade de capital. Logo, o bootstraping é usado comumente na fase inicial da startup, para começar o negócio, mas pode ser usado também, caso o empreendedor queira, durante outras fases de crescimento e para novas oportunidades da startup.
Investidor Anjo: são pessoas físicas que investem com seu capital próprio em empresas com alto potencial de crescimento. Esses investidores procuram empresas no estágio inicial, investem entre 50 e 500 mil inicialmente e depois tentam vender sua parte para investidores maiores. A ideia é que a startup já tenha sido testada no mercado e precisa de capital para transformar em um produto comercializável e entrar efetivamente no mercado. O plano de negócios já tem que estar bem construído e definido, provando que a ideia da startup irá dar certo. Além disso, o investidor anjo contribui para a startup com sua experiência de mercado, aprendizados e rede de relacionamentos. Logo, esse investidor é ideal para o “early stage” da startup, quando o produto ainda precisa ser lançado.
Capital Seed: pode ser feito por pessoas físicas ou jurídicas. Esse tipo de investimento dá apoio para startups que estão na fase de implementação e organização de operações, normalmente quando a empresa ainda não estourou mas já está no mercado e possui faturamento. Ou seja, a startup já possui clientes, já possui produtos definidos mas precisam de capital para expandirem o consumo e se estabilizar no mercado. O investimento é maior do que o do investidor anjo, sendo de 500 mil a 2 milhões de reais. Normalmente são fundos de investimento que juntam uma quantidade determinada de investidores para diluir o risco de cada operação e aumentar a chance de ter uma startup que dê certo, então, eles dependem, também, da participação que o empreendedor está disposto a ceder dos lucros. Nesse sentido, esse tipo de investidor é ideal para “early stage” também, mas que já esteja com seu produto consolidado no mercado.
Incubadora: consiste em uma empresa que tem como objetivo apoiar o desenvolvimento de pequenas empresas, dando suporte para a modelagem básica do negócio, técnicas de apresentação e dando estrutura e suporte técnico, administrativo e jurídico para moldar a startup, focando na necessidade prévia de crescimento. É comum que as incubadoras ofereçam espaço físico para sediar a empresa até o momento de consolidação do negócio, além de servirem como uma consultoria para fazer a empresa crescer.
Aceleradoras: são alternativas ao investidor anjo e são comumente procuradas por empresas que já possuem seus produtos consolidados e clientes mas que não conseguem se estabelecer de forma concreta no mercado; a metodologia usada por esse tipo de investimento é parecido com o de uma incubadora, oferecendo um time que apoia a startup financeiramente, oferece consultoria e treinamento e acesso ao networking da empresa. As startups precisam de aprovação para participar do programa das aceleradoras, passando por avaliações e verificações do negócio. As aceleradoras possuem como objetivo encurtar o ciclo de evolução da startup ao maximizar a capacidade de crescimento da mesma. Além disso, as aceleradoras recebem, em troca, uma participação acionária. Esse tipo de investimentos depende da aceleradora, pois pode ser tanto para startups no “early stage” quando no “growth stage”.
Venture Capital: esse tipo de investimento consiste na compra de uma participação acionária, e são caracterizadas por operações de risco, já que há investimentos de valores maiores dos que os feitos por capital seed. São fundos de investimento que chegam a investir valores entre 2 a 10 milhões de reais em empresas que já possuem faturamento alto também. Possuem o objetivo de ajudá-las a crescer ainda mais e ganharem em cima disso com a participação acionária. Esse investimento é ideal para startups em “growth stage”, já que já estão consolidadas no mercado e precisam de mais capital para crescer ainda mais.
Venture Building: tem como objetivo construir o negócio ou até criar um produto da startup. Tem características das incubadoras, aceleradoras e venture capital, mas querem desenvolver ideias de negócios a partir de suas ideias e necessidades internas. A venture building é uma holding que possui participação acionária alta nas startups que ajudou a criar e levantar. São para startups em fase inicial e que aceitam a possível submissão e participação minoritária nas decisões grandes do futuro da mesma.
Private Equity: são responsáveis pelas operações de fusões e vendas em grandes empresas. São investimentos maiores dos que os feitos pelas venture capital, e são focados em startups que já estão extremamente consolidadas no mercado.
Para que uma startup tenha sucesso no seu início, deve haver uma análise geral da situação da empresa para que seja estruturado um pitch para o tipo de investidor correto de acordo. Os primeiros passos de uma startup são cruciais para o seu futuro, então é de extrema importância que a escolha do investidor seja o caminho certo.