Bernardo Guelber Fajardo é professor da FGV EBAPE, coordenador Acadêmico da Graduação em Processos Gerenciais do FGV IDT e doutor em Administração pela FGV.
O pujante crescimento das startups na economia está, sem dúvida, intimamente relacionado com o relativamente recente fortalecimento da economia criativa. Um negócio criativo pode abranger novas ideias, novas tecnologias, novos produtos, novos serviços… e tudo isso iniciado de uma maneira simples! Há quem diga até que tudo o que é necessário para iniciar um negócio criativo é uma boa ideia (em conjunto com um laptop, um tablet, ou até mesmo um smartphone). Por mais fácil, porém, que seja começar um negócio criativo, cresce-lo é tão difícil como sustentar qualquer negócio em outros setores da economia.
Estudos de vários países sobre seus respectivos setores criativos demonstram, porém, que muitas das pequenas empresas não têm um plano de negócios efetivo e nem se preocupam com a eficiência de seus processos. Para tornarem-se grandes organizações, as empresas precisam entender o negócio de se fazer negócios (ou seja, a relevância dos processos).
A Fuji Xerox é uma joint-venture entre duas empresas amplamente conhecidas (a Fuji e a Xerox), que chegou a ganhar o lendário Prêmio Deming para Gestão de Qualidade Total. Certa vez, o responsável pela área de processos da organização estava explicando para uma plateia de jovens funcionários recém-efetivados o porquê a ênfase nos processos ser a chave para a construção do sucesso competitivo. De repente, alguém se levanta da plateia e indaga: “Mas Michelangelo não seguiu nenhum processo”. Sem titubear, o especialista responde: “Primeiro, seja Michelangelo. Todos os outros devem seguir o processo”.
As vantagens de se ter processos organizados são muitas, tais como: reduzir significativamente os custos e aumentar a velocidade com que as tarefas são realizadas. Um dos grandes diferenciais de certas empresas no mercado é a eficiência operacional. Ou seja, um nível adequado de gestão de processos pode facilmente fazer a diferença entre sucesso e fracasso de um novo negócio, não importa quão criativo seja o empreendedor.
Não por acaso, mais recentemente, muitas indústrias criativas têm mudado sua ênfase e buscado inovar no modo pelo qual executam suas atividades, visando inovações organizacionais e gerenciais que, em última instância, têm um efeito generalizado sobre a forma como os negócios são (e serão) conduzidos.
Dessa forma, ainda que a economia mundial contemporânea esteja em uma fase rica em inovação, propiciando a emergência de novos setores de destaque, não se deve esquecer que uma organização ainda é, em sua essência, uma organização, ou seja: “Tudo o que fazemos é um processo, e ele sempre pode ser melhorado”.