Marcel Grillo Balassiano é economista do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE/FGV). Mestre em Economia Empresarial e Finanças (EPGE/FGV), mestre em Administração (EBAPE/FGV) e bacharel em Economia (EBEF/FGV).
O ano de 2017 foi, em termos econômicos, melhor do que 2016, e, possivelmente, 2018 será melhor do que esse ano que passou. O ano de 2017 foi o primeiro ano pós-recessão (segundo o CODACE – Comitê de Datação de Ciclos Econômicos, essa última recessão durou do segundo trimestre de 2014 até o quarto trimestre de 2016), com um crescimento real do PIB depois de dois anos de quedas consecutivas; com a inflação abaixo dos 3,0%; taxa básica de juros na mínima histórica (7,0%); com recuo da taxa de desemprego, só que ainda em um nível muito alto, e impulsionado principalmente pelo aumento do emprego informal; e o problema fiscal muito sério ainda, com mais um déficit primário superior aos R$ 100 bilhões.
O forte crescimento da agropecuária (mais de 10%) pelo lado da oferta, e do consumo das famílias pelo lado da demanda, impulsionaram o crescimento da economia em 2017. A forte deflação de alimentos (próxima de 5,0%), além do cenário externo benigno, com câmbio e risco “bem comportados” ajudaram a inflação a ficar abaixo do limite inferior de tolerância. A recessão e a melhoria das expectativas de inflação, com a mudança de governo e a nova diretoria do Banco Central, que assumiu em meados de 2016, foram os outros fatores que levaram a inflação para esse baixo patamar. E a forte queda da inflação possibilitou o recuo maior da taxa de juros do que esperado pelo mercado no começo de 2017.
Para 2018, as expectativas de mercado, segundo a mediana do boletim Focus, são de um crescimento mais forte (2,7%), em linha com as expectativas do IBRE/FGV (2,8%); com uma inflação maior do que esse ano, mas novamente abaixo da meta (3,95%); e mais um recuo da taxa Selic, na primeira reunião de 2018 (em fevereiro), levando a taxa básica de juros para o patamar de 6,75%, e permanecendo assim até o fim do ano. A taxa nominal de câmbio esperada para o fim de 2018 é de R$ / US$ 3,34, também de acordo com as expectativas de mercado.
O crescimento do PIB em 2018 deve ser mais disseminado entre os setores, com um crescimento tanto da indústria quanto do setor de serviços, e não dependente da agropecuária, como foi no ano passado. O consumo das famílias deve continuar a ser um dos principais vetores desse crescimento, e os investimentos, depois de anos de queda, devem apresentar uma volta para um crescimento positivo, próxima de 4,0%, segundo as projeções do IBRE/FGV.
Sobre as eleições, possivelmente o principal evento de 2018, vale ressaltar que faltando alguns meses para as eleições, ainda não temos um cenário claro nem dos candidatos, muito menos de quem vai ser o futuro Presidente da República! O importante é que quem vença continue na agenda de reformas do país, se juntando a reforma trabalhista, teto dos gastos, mudança da TJLP para a TLP… Sobre a previdência, caso não seja aprovada esse ano, esse será um tema para o próximo governo também. Como o principal problema econômico no país é o fiscal, por isso que a reforma da previdência é tão importante para o equilíbrio das contas públicas.
Em resumo, em 2018 vamos continuar a recuperação da economia, com um crescimento do PIB mais forte do que desse ano; com uma inflação novamente abaixo da meta; com a taxa básica de juros na mínima histórica; recuo do desemprego; e ainda com o problema fiscal, com mais um déficit primário e elevação da dívida… A volatilidade dos mercados, principalmente câmbio e bolsa, dependerá muito do cenário eleitoral. Mais para o fim do ano, com o resultado das eleições já definido, poderemos ter um cenário mais claro de qual política econômica vai prevalecer no Brasil a partir de 2019.