O Brasil vive uma profunda crise estrutural nos mais diversos aspectos. A economia desacelerando, enquanto a corrupção, desigualdade social e violência crescem. A população decepcionada se afasta da esfera política e não tem muitas esperanças quanto ao desenvolvimento do Brasil e consolidação de uma sociedade mais justa, pacífica e igualitária. Ainda, o sistema internacional não parece melhor, o país se tornou problemático em um mundo de problemas.
Exatamente no meio do caos que surge a possibilidade de fazer o novo. Apesar de todos os problemas que existem hoje no Brasil, somos mais 51 milhões de jovens, sendo a maior população entre 15 e 29 anos da história desse país. Assim, representamos 51 milhões de possibilidades de um Brasil diferente, mas essa missão de liderar a transformação é árdua e mais desafiadora quando se é jovem. Liderar é uma tarefa para poucos durante uma crise, momento no qual todas as virtudes são testadas ao máximo. Entretanto, é pela necessidade de ser resiliente e obstinado que entra o empoderamento como fator determinante.
Toda a mudança tem resistência. Pessoas, assim como as instituições, tendem a se manter como estão, nesse patamar, toda a liderança e empoderamento encontram as barreiras que por vezes tem parado os jovens e os submetido a aceitar mais do mesmo. Apesar de sermos uma geração de líderes empoderados, ambos os adjetivos não são inatos. São na verdade um conjunto de habilidades e capacidades sociais difíceis de obter que destacam uns dos outros.
Ser jovem é enfrentar todos os desafios que o país vive de forma potencializada, mas também é capaz de transformar essa realidade de crise que o Brasil e o mundo enfrentam. Nascemos em um contexto tecnológico, em um momento democrático e de crescente globalização. O mundo fica cada vez menor e os problemas cada vez maiores.
Toda essa necessidade de mudança inspira jovens comuns a buscarem transformação em uma geração dos empoderados. Jovens que assumem papel de liderança, socialmente conscientes e determinados a serem agentes de sua própria trajetória. Isso não há dúvida. Encaramos de frente os tabus de gênero e sexualidade, nos indignamos e vamos à luta.
O empoderamento é a capacidade de se perceber como sujeito ativo da sua própria trajetória, não apesar das suas peculiaridades, mas em razão delas. Empoderar-se é uma ação social e política do indíviduo que tem a ousadia de reivindicar o seu papel no mundo. É o uso da sua voz e poder potencializados pela sua historicidade que serve como combustível para avançar na busca pela transformação, por algo melhor.
É um ato de resistência. É a percepção das pessoas ao seu redor e de de si mesmo, do seu passado, do seu momento atual e das possibilidades de futuro. O empoderado é ciente de si e isso o faz forte e capaz de superar suas limitações.
Entretanto, em tempos nos quais não há tempo, o empoderamento além de palavra clichê se tornou tarefa quase impossível. Se construir como indivíduo demanda tempo, disposição e paciência. Ainda, é uma atividade que depende da percepção do coletivo, pois as pessoas que nos cercam influenciam naquilo que somos. O grupo social, a etnia, a sexualidade e a religião que temos se soma aquilo que somos. E em tempos de 51 milhões de jovens podemos, erroneamente, pensar que temos 51 milhões de oponentes e por isso não podemos “desperdiçar” tempo com nós mesmos.
A liderança é uma virtude que em nossa geração encontra subsídios no empoderamento. Ao perceber todos os desafios que nos cercam é chegado o momento de pensar nas soluções. As instituições sociais, assim como pessoas, tendem a se manter no status quo, seja para manter os privilégios, ou seja pelo medo do novo. Tendência de resistência que se torna mais intensa em tempos de crise como a que o Brasil vive hoje.
Assim como o empoderamento, a liderança é uma palavra cheia de significados e cheia de desafios até mesmo para os mais experientes. Liderar é a capacidade de tocar as pessoas para que elas assumam um compromisso de mente e alma com a sua visão e projeto de novo. Homens e mulheres em cargos importantes não necessariamente lideram seu time, sendo muita das vezes apenas chefes que usam a capacidade de mando para mobilizar pessoas.
Um dos principais desafios da liderança quando se é jovem é a dificuldade em apresentar uma visão clara do novo. Nós jovens somos estigmatizados pela dificuldade em focar, pois temos um mundo de possibilidades a nossa frente. A busca por uma currículo perfeito, pelo sucesso instântaneo ou pelo mais austera vontade de mudar o mundo é comum ver que não apresentam uma visão concreta do que querem fazer, de qual mudança querem causar no mundo, com metas e objetivos. Essa falta de clareza é um impedimento para que outras pessoas depositem sua confiança na liderança de jovens, pois não se sentem convencidos.
Liderar, por ser a capacidade de mobilizar pessoas, é uma tarefa de grande responsabilidade. Empatia e compaixão são características fundamentais, pois apesar de estarem sendo liderados em um projeto as pessoas são, em si, um universo complexo de problemas e soluções que vão muito além. A pouca idade e a falta de experiência de jovens líderes não pode ser superada por uma postura hostil e rígida, digna de chefes das tramas clássicas. Os jovens líderes precisam ter uma postura firme de quem está determinado a evoluir, ouvindo os outros, aprendendo, observando e absorvendo conhecimento. Um ditado antigo já diz que a humildade é o primeiro degrau para sabedoria e a sabedoria é fundamento do sucesso duradouro. Habilidades como todas essas não se aprende no google e nem em uma sala de aula, as pessoas são fonte de conhecimento e precisam ser valorizadas.
Por todas essas razões e motivos, pelas necessidades e possibilidades de nossa geração que precisamos assumir nosso papel de líderes. Com visões claras de projetos de amanhã melhor, empoderados para suportar os desafios e resilientes para superar os obstáculos. É muito dificil calar uma uma juventude empoderada, que assume para si um compromisso de se melhorar e melhorar o Brasil. Nós somos as respostas de tantas dúvidas, se assim nos permitirm