A benéfica inversão de prioridades no mercado de trabalho

Por João Pedro Almeida

Quando eu, um aluno do quarto período de Direito, decidi entrar na Empresa Júnior da minha universidade, confesso que não sabia muito bem o que esperar. O que sabia era que, àquela época, o mundo jurídico já não me apetecia como o fizera outrora – e, por isso, estava em busca de novas experiências nos âmbitos acadêmico e profissional.

 A experiência na FGV Jr., desde então, só me demoveu ainda mais daquela ideia pronta que tinha de que eu seria um advogado – que era certa na minha cabeça quando entrei na FGV. Passei a me ver gostando de trabalhar com planos de negócios e diversos outros tópicos que não integram o cotidiano de um operador do Direito.

A partir daí as dúvidas quanto ao meu curso só se intensificaram. Passei noites em claro pensando se deveria desistir, sempre acompanhado da ressalva de que ainda mantinha algum apreço pelo âmbito jurídico. Ainda ser, um ano depois de toda esta turbulência, estudante de Direito é uma realidade que foi fruto de um longo processo de decisão.

O momento determinante para que me mantivesse em meu curso foi quando passei a analisar empresas com as quais me identificava. Comecei a pesquisar mais sobre suas filosofias e valores e percebi que muitas delas não tinham a formação acadêmica como determinante para escolher seus membros.

Hoje, não raro encontra-se analistas em empresas de consultoria estratégica com formação jurídica, por exemplo. É cada vez mais raro que companhias restrinjam suas vagas de acordo com a formação dos candidatos. A tendência é que o match com a cultura se sobreponha a quaisquer questões meramente formais.

Os empregadores mais à frente de seu tempo buscam, sobretudo em jovens, alinhamento e motivação. Buscam quem queira fazer a diferença e vestir a camisa – o que pode ser feito independentemente do curso. Conhecimento técnico é importante, é claro, mas paulatinamente a sociedade vem superando a ideia anacrônica e engessada de que só se adquire conhecimento na graduação. No século XXI, não faltam ferramentas para o aprendizado longe das salas de aula do ensino superior: seja por meio de cursos online, cursos presenciais diversos ou experiências práticas (como uma Empresa Júnior, por exemplo). Com vontade, qualquer um pode se especializar nos mais diversos assuntos sem necessariamente estar matriculado em uma universidade para tal.

Comecei a perceber, com isso, que ter uma formação jurídica poderia ser até mesmo um diferencial em mercados onde anteriormente sequer teria penetração. Conciliar a faculdade de Direito com uma Empresa Júnior poderia ser mais enriquecedor para mim do que trocar de curso e também me reservaria a possibilidade de seguir carreira jurídica eventualmente.

A decisão foi tomada com base em um mercado de trabalho empresarial que está claramente se rendendo à volatilidade e liquidez dos tempos atuais. Os rótulos acadêmicos têm dado espaço para demonstrações de alinhamento e vontade, desconstruindo a ideia anteriormente vigente de que a pessoa se vincula ao seu curso ad eternum e reduzindo a solidez das estruturas do mercado. Prender alguém a uma escolha feita normalmente antes dos dezoito anos de idade tem deixado de ser a opção mais viável.

O que é certo é que o conhecimento, hoje, vê menos limites e transpõe facilmente as barreiras da sala aula – e, assim, em breve, devemos começar a ver mais CEOs formados em Direito, Psicologia ou quaisquer outros cursos antes renegados.

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